quarta-feira, 31 de agosto de 2011



Ó Deus, como é triste lembrar do bonito que algo ou alguém foram quando esse bonito começa a se deteriorar irremediavelmente.


(Para ler ao som de Vinícius de Moraes, in: Pequenas Epifanias)

segunda-feira, 29 de agosto de 2011


As coisas que eu aprendi...
As vezes em que eu quase morri...
Será que eu tinha que ficar aqui?
Será que é tanto assim que eu tenho pra falar?

Parece que não
Mas eu sei que vai...

Vai passar,
E eu nem vou perceber
Vai mudar,
E eu sei que vai doer
Em mim...

Eu achava que não
Hoje eu sei que vai...

Vai passar,
E eu perceber
Vai mudar,
E eu sei como vai doer...
Demais.

Há muito tempo, eu perdi o medo de todos os meus rivais!
Eu não tenho medo de lutar!
Assim cheguei aqui.


Ontem chorei. Por tudo que fomos. Por tudo o que não conseguimos ser. Por tudo que se perdeu. Por termos nos perdido. Pelo que queríamos que fosse e não foi. Pela renúncia. Por valores não dados. Por erros cometidos. Acertos não comemorados. Palavras dissipadas.Versos brancos. Chorei pela guerra cotidiana. Pelas tentativas de sobrevivência. Pelos apelos de paz não atendidos. Pelo amor derramado. Pelo amor ofendido e aprisionado. Pelo amor perdido. Pelo respeito empoeirado em cima da estante. Pelo carinho esquecido junto das cartas envelhecidas no guarda- roupa. Pelos sonhos desafinados, estremecidos e adiados. Pela culpa. Toda a culpa. Minha. Sua. Nossa culpa. Por tudo que foi e voou. E não volta mais, pois que hoje é já outro dia. Chorei.
Caio Fernando Abreu


Nem liga, guria
Se eu já não sei disfarçar
Se eu já cansei de esconder
O que era fácil de achar

Nem liga, guria
Se nos meus olhos não há mais,
O brilho de quem vivia
Com o coração em paz

Se a gente já soubesse como vai ser a viagem
Antes mesmo de comprar nossa passagem
A gente já virava pro outro lado e dormia, tão só

Se a gente entendesse que há um ciclo no amor
Começa com a cura, mas termina com a dor
A nossa cama pra sempre estaria vazia

Nem liga, guria
Se a minha voz acabar
Sei que tu já me sacou, sem eu precisar falar

Nem liga, guria
Não vou poder te atender
Tô encontrando em minha vida um canto só pra você

Se a gente já soubesse como vai ser a viagem
Não perderia tanto tempo com bobagem
E o meu peito poderia muito bem ser a tua moradia

Eu finjo que acredito no que dizem sobre o amor
Eu finjo que é eterno, mas te peço por favor
Esquece tudo e vem passar comigo essa madrugada tão fria

Vê se não fica assustada quando eu digo
Eu nunca fui daqueles que fazem sentido
Tô em São Paulo, aqui o céu nunca é azul
Eu tô aqui cantando um samba com sotaque do sul

Amanheceu e eu deveria estar dormindo
Mas estes versos são palavras explodindo
E no teu colo um dia elas vão cair
E aonde isso vai dar, não cabe a nós decidir.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011


 
Chorei três horas, depois dormi dois dias.Parece incrível ainda estar vivo quando já não se acredita em mais nada. Olhar, quando já não se acredita no que se vê. E não sentir dor nem medo porque atingiram seu limite. E não ter nada além deste amplo vazio que poderei preencher como quiser ou deixá-lo assim, sozinho em si mesmo, completo, total.

Caio F.
"Eu preciso muito muito de você eu quero muito muito você aqui de vez em quando nem que seja muito de vez em quando você nem precisa trazer maçãs nem perguntar se estou melhor você não precisa trazer nada só você mesmo você nem precisa dizer alguma coisa no telefone basta ligar e eu fico ouvindo o seu silêncio juro como não peço mais que o seu silêncio do outro lado da linha ou do outro lado da porta ou do outro lado do muro.Mas eu preciso muito muito de você."
"Quando percebi, estava olhando para as pessoas como se soubesse alguma coisa delas que nem elas mesmas sabiam. Ou então como se as transpassasse. Eram bichos brancos e sujos. Quando as transpassava, via o que tinha sido antes delas, e o que tinha sido antes delas era uma coisa sem cor nem forma, eu podia deixar meus olhos descansarem lá porque eles não se preocupavam em dar nome ou cor ou jeito a nenhuma coisa, era um branco liso e calmo. Mas esse branco liso e calmo me assustava e, quando tentava voltar atrás, começava a ver nas pessoas o que elas não sabiam de si mesmas, e isso era ainda mais terrível. O que elas não sabiam de si era tão assustador que me sentia como se tivesse violado uma sepultura fechada havia vários séculos. A maldição cairia sobre mim: ninguém me perdoaria jamais se soubesse que eu ousara.Ninguém me perdoaria se soubesse que eu sei o que elas são, o que elas eram."

quinta-feira, 18 de agosto de 2011


Deixe eu me apresentar
Fiquei longe daqui por muito tempo
Estive procurando alguém
Mas só aqui me sinto bem
Como você está agora?

Eu tenho flutuado para as estrelas
Só para estar dentro da sua mente
Eu quero acordar onde você está
Eu quero segurar sua mão esta noite

Como você está?
Como você tem estado?
Você sentiu minha falta?
E onde você foi?
Onde você estava esse tempo todo?

Quando ele se sente em casa
Em seu sonhos eu ando sozinho
Estou tentando encontrar uma saída para essa noite
Quando ele se sente em casa
Em seu sonhos eu canto essa canção


Visconde.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011


Ah, se voce pudesse sentir
Como é não conseguir dormir sem ouvir a tua voz cansada
Voce devia estar aqui pra ver
Aqui nao pára de chover desde que você voltou pra casa

Se meu lar for onde houver tua respiração
Vou morar na tua voz
Ao menos até o final dessa canção
No teu coração

Ah, será que você vai lembrar
Onde é que você vai guardar o rascunho dessa história?
Ou vai fazer fogueira pra queimar
E ver que não dá pra fechar a biblioteca da memória?

Você já me conheceu o bastante pra saber
Se eu sou ou não bom o bastante pra você
Quando acordar
E o meu nome sussurar

Eu posso te ouvir
E eu sinto como se nós
Não estivéssemos a sós
Você está aqui
Eu sinto que eu posso estar
Em qualquer lugar
Eu sinto que eu sou
O ar



..

quinta-feira, 11 de agosto de 2011



"Passará depois em cada despedida"


"E é nisto que se resume o sofrimento:
cai a flor – e deixa o perfume
no vento!"


(Cecília Meireles)


Agora eu sei que nada é por acaso. Pois você me mostrou que, para amar uma pessoa não é preciso tocar nela, basta você ter um motivo para fechar os olhos, um motivo para fazer pedidos aos céus. Aprendi a sorrir só por lembrar da sua voz. E agora sei que podemos estar tão perto mesmo estando tão longe.

Juliana Bernardes


Todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser
Todo verbo é livre para ser direto ou indireto
Nenhum predicado será prejudicado
Nem tampouco a frase, nem a crase
Nem a vírgula e ponto final
Afinal, a má gramática da vida
Nos põe entre pausas
Entre vírgulas
E estar entre vírgulas
Pode ser aposto
E eu aposto o oposto


Fernando Anitelli